FECUNDAÇÃO 

Corresponde a uma complexa interação entre os gametas masculino e feminino, na tuba uterina, que resulta na combinação genética (fusão de pró-núcleos) para a  formação de uma  célula-ovo diplóide denominada de  zigoto.  

PRIMEIRA SEMANA  

É marcada pela segmentação da célula-ovo através de mitoses sucessivas na tuba uterina. Como resultado das clivagens, surgem a mórula e posteriormente, a  blástula  (Figura1). Em torno do sexto dia após a fertilização a blástula, agora na cavidade uterina, inicia contato com o endométrio pela região do nó embrionário. O trofoblasto se diferencia em citotrofoblasto e sincíciotrofoblasto. Este último, através de ação enzimática sobre a mucosa uterina, tem ação erosiva para que seja possível a penetração da blástula.  Inicia-se assim, a  nidação. 

A
B

Figura 1- Estruturas derivadas da segmentação do zigoto. Em A, observa-se a mórula com o seu arranjo compacto de blastômeros. Em B,  verifica-se a estrutura de uma blástula constituída por blastocele (em preto), nó embrionário (em branco) e trofoblasto (em vermelho). 

SEGUNDA SEMANA 

Se caracteriza pela formação de um disco bilaminar e término da nidação. A blástula adentra totalmente no endométrio graças a ação enzimática do sincíciotrofoblasto. Ela sofre várias modificações durante a sua implantação devido ao aparecimento de duas vesículas a partir da região do nó embrionário: uma delas resulta do afastamento de células do nó, constituindo a vesícula amniótica (V.A). A outra, surge por proliferação e migração de células da porção inferior do nó e recebe o nome de vesícula vitelínica ( V.V.).  O ponto de contato das duas vesículas, isto é, o assoalho da V.A. (epiblasto) com o teto da V.V (hipoblasto)  formará o disco bilaminar ou didérmico. Surge também neste período, por modificações no mesoderma extra embrionário, o celoma extra embrionário e o pedículo do embrião. 

TERCEIRA SEMANA   

Tem início com a mudança que ocorre no tamanho e formato da região do disco bilaminar. No epiblasto surgem duas estruturas: uma delas, resulta da proliferação e migração linear de células na sua porção medianaformando a  linha primitiva. A segunda estrutura surge adiante da linha primitiva  por proliferação celular. Por ter aparência nodular recebe o nome de nó primitivo. Estas duas estruturas estão relacionadas com o aparecimento do mesoderma intraembrionário e da notocorda, respectivamente. Estabelece-se desta forma três folhetos na terceira semana: ectoderma, mesoderma e endoderma. O disco embrionário se torna trilaminar ou tridérmico. É nesta região que surgirá o embrião. A notocorda desempenhará papéis importantes para o estabelecimento do eixo de simetria do embrião e como estrutura indutora para a diferenciação do mesoderma intraembrionário em mesoderma paraxial (somitos), mesoderma intermediário e mesoderma lateral. Ela também atuará como indutor primário sobre o ectoderma, originando dois tipos: o ectoderma superficial  (futura epiderme primitiva) e o ectoderma neural, que formará o tubo neural (sistema nervoso central). A figura 2 ilustra o disco trilaminar e a posição da notocorda em relação aos três folhetos. 

Figura 2 – Disco trilaminar : Em A, Fotomicrografia do disco (800X). Em B, modelo tridimensional (3 D). Pode-se observar nas duas imagens: ectoderma (seta longa), endoderma (seta curva), mesoderma paraxial (esferas), mesoderma intermediário (cruz branca) , mesoderma lateral ( triângulo) com uma cavidade no seu interior denominada  celoma intraembrionário (seta branca). É possível também se observar o tubo neural (estrela) e a notocorda (cabeça de seta).  

QUARTA SEMANA 

Nesta etapa do desenvolvimento inicia-se a organogênese.Tem-se o dobramento do disco embrionário trilaminar levando o embrião a assumir um aspecto cilíndrico em forma de C. Além disso, o processo de fechamento do tubo neural evolui e formam-se as vesículas cerebrais primitivas. Os somitos irão aumentar em número e se diferenciarão em esclerótomos, miótomos e dermátomos que darão origem a estruturas ósseas, musculares e dérmicas, respectivamente. O coração forma uma protuberância na região ventral e passa a bombear sangue

DERIVADOS DOS FOLHETOS EMBRIONÁRIOS 

PLACENTA 

É um órgão constituído  por componentes da mãe e do feto ( Figura 3). Inicialmente, ainda na segunda semana do desenvolvimento,ocorre a associação do trofoblasto (citotrofoblasto e sincíciotrofoblasto) ao mesoderma extraembrionário formando o córion. No entanto, na terceira semana esta estrutura cresce, passa por várias transformações e dá origem as vilosidades coriônicas terciárias que em conjunto, formam o córion viloso (parte fetal da placenta).

O componente materno da placenta corresponde ao local do endométrio onde se estabeleceu a implantação e que está relacionado a região das vilosidades coriônicas, recebendo o nome de decídua basal. 

É atribuído a placenta um papel endócrino indispensável a manutenção da gravidez e funções de proteção, nutrição, respiração e excreção do feto. 

Figura  3- Fotomicrografia da placenta (800X) evidenciando  a parte fetal que é formada pelas vilosidades coriônicas 
(seta) e o componente materno, constituído  pela decídua basal (estrela).